domingo, maio 15

O que está aqui está em todo lugar

Tudo começou comigo e com o Yuri, né, como quase todas as coisas. Ele tinha que fazer um projeto para a disciplina Encenação III, do famigerado Curso de Teatro do famigerado Deart/UFRN. Depois de umas viagens momentâneas com montar um autor inglês, do qual eu não me recordo agora, eu dei a sugestão: "Por que não usar sua própria pesquisa sobre sexualidade como material do projeto?". Apesar do receio (nós sabemos que Natal é uma cidade caretinha), ele acabou aderindo à ideia.


Taí o que eu ganhei com minha boca grande.
(Piada, eu tava adorando)

Então, nós fomos. Nós, o Jota Mombaça e o Paulo Welbson (como em todo e qualquer projeto, alguns dissidentes apareceram e desapareceram sem maiores danos). E, assim, foi surgindo o Projeto "O que está aqui está em todo lugar, o que não está aqui está em lugar nenhum". O Yuri explica melhor a escolha do nome aqui. Para mim, ele tem muito a ver com as questões que me surgiram ao longo da pesquisa quando meu objeto (ou seja, os aspectos da minha sexualidade) foi se definindo.

Por vezes me perguntei, se isso tudo não era só um aspecto estranho (pra não dizer doentio) da minha personalidade, ocasionado por situações e descobertas que não dizem respeito a mais ninguém. Mas, não... Como diz a citação da Clarice Lispector lá no rodapé do blog, eu sou uma representante de nós, portanto o que está aqui (em mim) está em todo lugar (em vocês). Tudo que é humano encontra eco em outro humano. Seja de que forma for. Além disso, eu aprendi, na palestra sobre performance no lançamento do Bode Arte, que o coletivo e o individual nunca se anulam ;) . Se eu questiono a mim mesma, concordo que as questões políticas estão no meu corpo e, assim, estou questionando a todos nós.

Instalação "A sinceridade pode deixar marcas maiores".
Foto: Ana Morena Tavares


Voltarei a falar do assunto. Até porque, tanta coisa surgiu e essa pesquisa merece muitos posts deste blog. Preciso falar sobre como eu fui olhando para mim até enxergar o que já estava aqui (veja bem), o que por tanto tempo pautou uma parte da minha vida. Olha, isso não tem preço. 

"Se o pensamento duvidar, todos os meus poros vão dizer que estou pronto para embarcar sem me preocupar e sem temer" (Arnaldo Antunes)

4 comentários:

Helena Maziviero disse...

Engraçado...mas por incrível que pareça, ultimamente as pessoas tem mais me surpreendido positivamente do que decepcionado. E sua exposição foi um desses momentos de paixão, de poder te conhecer, conhecer a mim, conhecer as pessoas que estavam ali e se identificavam...
Uma experiência maravilhosa e corajosa que me deu um ar de...esperança. :)

Ramilla Souza disse...

Que ótimo ler isso, Helena. O que vale a pena, em se trabalhar com arte, é, realmente se fazer conhecer e fazer com que outras pessoas se conheçam, olhem pra si... Obrigada!

diana disse...

Quero muito ainda ver a exposição, e quem sabe discutir sobre o assunto, se oportunidades surgirem. :)

Ramilla Souza disse...

Diana, provavelmente iremos expor de novo, só que modificada. Acho que as duas primeiras versões já foram. Tem uma ideia de expor no próximo Gambiarra (lá no Tecesol), mas eu tenho que ver se vou conseguir preparar alguma coisa a tempo. ;)

Seria ótimo discutir com você, sim!