sábado, julho 30

Sincerity Can Leave Bigger Marks

Foi para esse título que o próprio Trevor Brown traduziu o nome da minha instalação e fez um comentário em seu blog. Nem preciso dizer que fiquei extremamente feliz, lisonjeada e, ligeiramente, histérica. Mentira! Eu fiquei muito histérica. Aqui

Eu costumo dizer que a internet salvou minha vida. E é verdade. Seja isso bom ou ruim, boa parte das minhas referências artísticas são de coisas que eu pude ver na rede. O que podia fazer uma garota inquieta e enfadada de morar em uma cidade pequena? Muita coisa, eu sei. Os caminhos podiam ser muitos. Mas, o meu caminho foi pesquisar coisas distantes de mim porque, em determinado momento, não havia nada por perto com o qual eu me identificasse.

E foi assim com o Trevor. Eu vi em algum lugar, procurei no Google, passei dias pesquisando, colei a imagem de uma garota amputada no mural do meu quarto e pensei que não há nada de errado com o que nós somos, seja o que for.

Mais tarde, como eu já disse aqui, as imagens viraram referência de pesquisa no "O que está aqui está em todo lugar". Porque era aquilo que traduzia exatamente o que eu sentia e queria dizer. E se ele expôs, por que eu não?

Por isso, eu digo que a internet salvou minha vida. E em parte é verdade. Eu sou uma filha legítima de uma geração em que o local não é, necessarimente, o fator preponderante na construção das referências (seja isso bom ou ruim, mais uma vez).

terça-feira, julho 26

Nessas praias a espuma é nobre, mas rara


Por Jean Sartief

Já há alguns anos, passo o mês de janeiro na praia e desde o começo do ano estava dando um tempo de tudo ao meu redor. Fora isso, me perguntava, em meio a caminhadas, o que seria novidade neste 2011 para a cidade e para mim mesmo, lembrando que ainda teremos que suportar Micarla (teremos?) por esses anos.

Claro que este questionamento traz uma ansiedade envolta entre a mesmice que às vezes inunda Natal, as tacanhas ações que surgem das indi(gestões) públicas e o despertar de alguns lançamentos de livros, exposições, blogs, sites e projetos realmente profissionais e legais que afloram durante o ano dentre muitas coisas que precisam melhorar. Mas o amadurecimento segue esse percurso, não é mesmo?

Domingo, 01 de maio, fui ao Circuito Cultural Ribeira e respirei como há tempos não fazia em Natal. Senti esse Circuito em seus vários espaços de ação como o melhor até agora e se Deus quiser, muitos hão de vir!

Entre tudo o que vivi lá, finalmente fui desperto nos meus olhos para a instalação “A sinceridade pode deixar marcas maiores”, de Ramilla Souza, que aconteceu na sede dos Atores à Deriva, com base em frases que nos aludem a desabafos, a confissões e a desejos nem sempre revelados. Ramilla apresentou um consciente/inconsciente sexual que existe baseada no trabalho de Trevor Brown, artista inglês que mora no Japão.

segunda-feira, julho 25

A Sinceridade Pode Deixar Marcas Maiores


Confissão e exposição. É o que define, para a mim, a instalação "A Sinceridade Pode Deixar Marcas Maiores". A temática é a mesma que eu escolhi como minha no "O que está aqui está em todo lugar, o que não está aqui está em lugar nenhum": infância e sexualidade, misturadas à minha história pessoal. Sempre acho que ela me expõe mais do que as próprias performances, apesar da ausência do corpo. Deve ser por causa da não-metáfora. Cada coisa escrita é algo que realmente aconteceu ou algo que realmente eu sinto e isso é pouco simbolizado por outras coisas.

Escrevi tudo num ato só, inspirada pelos Post Secrets, que sempre me emocionaram. A ideia era juntar uma imagem a uma frase confessional, com uma única temática. E foi assim que eu fui lembrando e escrevendo coisas antigas e presentes. Só frases. Para ilustrar, o trabalho de um cara que eu adoro (devidamente autorizado por ele), mas que a maior parte das pessoas acharia bastante doentil (aceitar esse aspecto doentio em mim foi algo que a performance arte me deu), o Trevor Brown.

O Trevor trabalha, basicamente, com uma mistura entre infantilidade, abuso, sensualidade e fetiches os mais variados. Gosto do trabalho dele há um tempo, mas foi só quando comecei o processo do "O que não está aqui" que me dei conta de como esses temas me afetam. A memória da infância é algo para o qual eu sempre tendo a voltar.

domingo, julho 24

Estudos sobre Fragmentos de um Discurso Amoroso I: Rapto

Roland Barthes
Gosto de pensar no apaixonamento não como na imagem do amor romântico: arrebatamento, supostamente eterno, de uma pessoa pela outra, cuja função não é nenhuma, além de cumprir certos padrões sociais. A instituição do namoro e suas regras específicas, o casamento e suas características ainda mais duras, nada disso me interessa.

Apaixonar-se, pra mim, passa pela tentativa de conhecer e querer dividir algo com alguém. "Amor é a manifestação da criação de um espaço onde algo tem a permissão de mudar" (Harry Palmer). Eu sempre carrego essa frase como uma espécie de filosofia. No meu amor, eu permito espaços e mudanças, leveza.

A questão do papel social do romance me veio quando criei o Projeto I Love You, em 2010, numa parceria com Juão Nin e Paulo Welbson. O pontapé inicial foi a intenção de lidar com alguns aspectos da minha vida amorosa, passados e ainda incompreensíveis para mim. "O enamorado é um drama", diz Barthes. "O acontecimento, ínfimo, só existe através de sua repercussão, enorme". Foi algo assim que tomou a minha vida por cerca de dois anos. Voltar a esse drama e olhá-lo de longe, explorá-lo, de uma outra forma, era esse objetivo

sexta-feira, julho 15

Todo caminho

Tenho um medo extremo, humano
de fechar os olhos
Então, dou passos pequenos
semi-adormecida
quase sincera
Temendo que alguém me toque
embaixo do vestido
nesse caminho
E, ao mesmo tempo,
desejando que







Pretendo deixar todas as palavras incompletas
para não encarar o peso
de que eu posso falar

terça-feira, julho 12

Abuse(me)

Minha primeira performance foi construída no processo do projeto "O que está aqui está em todo lugar, o que não está aqui está em lugar nenhum". Eu queria muito apresentar algo e foi na época em que estava produzindo o Circuito Cultural Baixo de Natal, no qual iria se realizar a segunda mostra de performances Bode Arte, em dezembro de 2010.

Elaborada a oito mãos, não sobrou nenhum registro. Nenhunzinho. De alguma forma, eu não lembrei de pensar nisso no dia (justo eu, a formada em jornalismo). A foto lá embaixo é de quando eu apresentei, em sala de ensaio, a partitura que usei como parte da performance.