segunda-feira, julho 25

A Sinceridade Pode Deixar Marcas Maiores


Confissão e exposição. É o que define, para a mim, a instalação "A Sinceridade Pode Deixar Marcas Maiores". A temática é a mesma que eu escolhi como minha no "O que está aqui está em todo lugar, o que não está aqui está em lugar nenhum": infância e sexualidade, misturadas à minha história pessoal. Sempre acho que ela me expõe mais do que as próprias performances, apesar da ausência do corpo. Deve ser por causa da não-metáfora. Cada coisa escrita é algo que realmente aconteceu ou algo que realmente eu sinto e isso é pouco simbolizado por outras coisas.

Escrevi tudo num ato só, inspirada pelos Post Secrets, que sempre me emocionaram. A ideia era juntar uma imagem a uma frase confessional, com uma única temática. E foi assim que eu fui lembrando e escrevendo coisas antigas e presentes. Só frases. Para ilustrar, o trabalho de um cara que eu adoro (devidamente autorizado por ele), mas que a maior parte das pessoas acharia bastante doentil (aceitar esse aspecto doentio em mim foi algo que a performance arte me deu), o Trevor Brown.

O Trevor trabalha, basicamente, com uma mistura entre infantilidade, abuso, sensualidade e fetiches os mais variados. Gosto do trabalho dele há um tempo, mas foi só quando comecei o processo do "O que não está aqui" que me dei conta de como esses temas me afetam. A memória da infância é algo para o qual eu sempre tendo a voltar.

Outro fato importante foi quando ganhei um livro que analisava 10 casos de abuso sexual infantil e tive a primeira intenção de fazer algum trabalho artístico sobre. [Leia sobre a performance Abuse(me)].

Voltando à instalação, ela foi construída com uma frase/confissão e uma imagem de algum dos trabalhos do  TB. As frases ficavam dentro de envelopes, nos quais havia escrito "para você". O público podia ler todas ou só algumas na ordem em que achasse melhor. A única instrução era abrir os envelopes.

Depois das duas primeiras exposições, a análise do Coletivo ES3 (grupo do qual o Yuri faz parte) achou que havia pouco de mim ali, como se as imagens de outro artista me afastassem do trabalho. Ao mesmo tempo, outras pessoas disseram que o ambiente em que ela havia sido colocada era pouco intimista, o que fazia com que a experiência se perdesse um pouco. Daí, decidimos por usar minhas próprias fotos de infância em conjunto com as imagens que já estavam na instalação e um biombo que "fechasse" o espaço para que o público ficasse mais isolado e a experiência fosse mais solitária.  (Na última vez que eu a expus, acabei não usando o biombo novamente. Questões de infra-estrutura...)

Tive que olhar para todas elas
[A questão das fotos foi extremamente importante pra mim no decorrer do tempo. Passei a trabalhar em cima delas até criar a performance "Retratos: Escolha de uma memória da infância", sobre a qual falarei no próximo post]

Aqui um vídeo em que se pode ter uma ideia do trabalho:


Histórico de exposições até agora:
  • Evento de arte contemporânea "Que Djabo é Isso?", no Departamento em Artes da UFRN (Natal/RN), em maio de 2011 - 1ª Versão
  • 3º Circuito Cultural Ribeira, sede do Grupo Atores à Deriva (Natal/RN), em maio de 2011 - 1ª Versão
  • Lançamento do I Circuito Regional de Performance Bode Arte, no Tecesol (Natal/RN) em junho de 2011 - 2ª Versão
  • I Circuito Regional de Performance Bode Arte, no Tecesol (Natal/RN) em julho de 2011 - 2ª Versão
Textos sobre a instalação:

    Um comentário:

    Unknown disse...

    Adorei seu trabalho, parabéns. Sugestão, tira a voz de Kedma falando no telefone (a voz gasguita dela estraga o clima) do seu vídeo e põe uma música. Posso fazer isso se vc permitir. :)