quinta-feira, agosto 11

Retratos: Escolha de uma Memória da Infância

Foto: Rodrigo Sena
Retratos: Escolha de uma Memória da Infância começou a ser elaborada após a montagem da 2ª versão de A Sinceridade Pode Deixar Marcas Maiores. Foi quando eu passei a trabalhar com as minhas próprias fotos de infância. De alguma forma, as fotos me ajudaram a pensar no que daquela criança havia resistido em mim, como eu ainda era aquilo, sendo que meu foco continuava a ser a sexualidade. Essa performance foi outro trabalho montado durante a pesquisa do projeto O Que Está Aqui Está em Todo Lugar, o Que Não Está Aqui Está em Lugar Nenhum e foi apresentada no I Circuito Regional de Performance Bode Arte.

Foi um ponto forte de mudança na pesquisa. Com Abuse(me) e a instalação, eu estava direcionada para o limiar entre o prazer sexual e a violência, passando pela fragilidade inerente à infância. A partir de então, eu passei a trabalhar mais fortemente com a memória e com as marcas deixadas no meu corpo pela época das descobertas sexuais.

 Esse trabalho é dividido em três fragmentos:

1º Fragmento - Ainda é a mesma?

Foto: Rodrigo Sena
O público entre em um cubículo revestido de tecido branco, lembrando um quarto de criança. Antes, cada pessoa recebeu uma foto minha quando criança. Pergunto se ainda é a mesma menina. Faço as pessoas me tocarem e compararem.


Antes de realizá-lo, tive muito medo de não conseguir criar uma conexão, mas estava redondamente enganada. O contato foi incrível. O mais incrível em todos os trabalhos que eu fiz. Penso que talvez seja isso que mais me interessa na performance, esse momento de conexão intensa com o outro.  

2º Fragmento - Auto-reconhecimento

Desenvolvi algumas ações em frente ao espelho, baseadas em seis fotos. Entre elas, a que eu mais gosto (ao lado). Em cada uma, eu tentava me reconhecer na criança retratada.


3º Fragmento - A dança da infância

Dançar é uma ação que sexualiza bastante meu corpo. Não tenho nenhum formação na área, afora um ano de aulas de dança contemporânea que eu troquei pelo meu amado kung fu e não estou pensando em voltar atrás. Apesar da falta de técnica, dançar é muito importante pra mim e eu sempre penso por que negar isso? Por isso, chamo essa coreografia (que nasceu de um exercício proposto pelo Yuri) de dança, mas essa é uma pesquisa na qual eu preciso me aprofundar.


O ursinho eu ganhei quando era criança. Ele estava trancado no armário, tirei de lá meses antes de me apresentar e deixei essa presença fazer efeito em mim. Fez toda diferença.

P.S.: A captação dos dois primeiros vídeos é de Luara Shamó. A do terceiro é de Yuri Kotke.


3 comentários:

Anônimo disse...

Ramiroca...vi e amei...bom sber que existem artistas que se embebedam de arte e a transpõe em delicadeza e poesia...Viana

Anônimo disse...

sou fã do Trevor Brown e te encontrei hoje no blog dele. Adorei o seu trabalho e quero conhecer mais.

Parabéns

Sandro Souza Silva disse...

Parabéns