sábado, junho 23

Retratos de Infância


Retratos de Infância é o meu primeiro projeto fotográfico. O primeiro realizado e as primeiras fotos que deram origem a uma exposição. Elas fizeram parte da programação do II Circuito Bode Arte, pela relação estreita que guardam com a performance. A ideia para realizá-lo, inclusive, surgiu de uma pesquisa desenvolvida para a performance Retratos: escolha de uma memória de infância. E quando falo "pesquisa", eu também estou me referindo ao turbilhão de coisas que nos passam pela cabeça quando estamos envolvidos com alguma temática. De um desses insigths, surgiu este projeto. Clique em 'mais informações' para ler o resto do texto.





Nele, eu convido pessoas a posarem, nuas, com seus brinquedos de infância. Eles são colocados junto aos genitais e a foto é feita frontalmente, corpo, rosto e brinquedo. Desde que eu iniciei a minha relação com a performance arte, a ideia da infância tem me chamado atenção. Aliás, foi só olhar para mim mesma (algo que o trabalho com performance me proporcionou), para ver o quanto o tema me era caro. Vou falar mais sobre a evolução dessa pesquisa/pensamento em outro texto.

Então, Retratos de Infância tem uma proposta de execução bem simples. Acho que no início eu pensava que surgiria uma eroticidade, algo meio fetichista, mas agora vejo que não. Acho que as fotos contêm toda uma ternura. Nem sei explicar direito ao que elas me remetem. Estão ali memória, o corpo antes e agora, uma coisa que você trás de si, de longe e está representada naquele brinquedo. O que nós viemos carregando me parece sempre uma questão interessante.

Há toda uma história contida ali sobre um corpo que cresceu. Isso me lembra o que Barthes fala sobre a fotografia em A câmara clara (gosto muitíssimo desse livro, mas não tanto quanto eu gosto de Fragmentos de um discurso amoroso), que trata-se de uma ausência que se faz presença. Aquilo está ali e não está, mas é a prova de uma presença, em algum momento, em algum lugar. Penso que Retratos de Infância é uma representação interessante desse pensamento, quando lida diretamente com a memória e coloca em cena (presença) algo que solidifica essa memória. Ao mesmo tempo, não é algo que nós nem remotamente possamos alcançar. O que resta é conviver com a ausência.

E como tudo se dá em conjunto, esse projeto tem uma estreita ligação com as minhas performances e com a instalação A sinceridade pode deixar marcas maiores, de 2011. Clique aqui e aqui para saber mais.

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