sábado, julho 28

Descontrole Remoto

Pra não passar em branco, um texto sobre a minha participação na Plataforma Descontrole Remoto. Este projeto é uma parceira entre o Coletivo ES3, de Natal, e performers de Curitiba para o "intercâmbio cultural entre artistas da performance arte do sul e do nordeste brasileiros". Entre eles, o Angelo Luz, que esteve em Natown City para, entre outras coisas, conhecer a produção em performance na cidade. E como legítima (com muito orgulho) representante da linguagem aqui, eu fiz uma pequena apresentação e gravei uma entrevista com ele que fará parte de um filme/documentário.


Apresentei duas ações que já tinham sido feitas em "Retratos: escolha de uma memória de infância", mas agora com outro nome, "Os caminhos de si". Parece estranho mostrar as mesmas ações com outro título, mas isso tem muito a ver com a minha trajetória na performance. "Retratos" evoluiu até um ponto que já não tinha nada a ver com as intenções originais (vou falar disso num texto a seguir). A graça (e desgraça) da performance é que você não tem um modelo pra seguir ou uma meta pra alcançar, assim como não tem nenhuma regra pra cumprir (apesar da Marina Abramovic ter criado umas 'orientações' aí). "Eu vou ficar boa quando fizer tal coisa ou for igual a fulano", isso não existe. Você pode até se inspirar, mas o caminho é único e bastante incerto. Isso me deixa insegura, o fato de não haver nada pra alcançar. Mas, ao mesmo tempo, a falta de regras foi exatamente o que me atraiu.


Mas, voltando ao Descontrole, realizei as ações do espelho (pela segunda vez) e a do toque. A segunda eu já fiz umas tantas vezes, mas nesta apresentação tive algumas descobertas. Talvez, esse momento, o da apresentação, seja exatamente o de ser o que se é. Ou sentir o que se sente. E, talvez, eu seja só uma pessoa frágil se mostrando frágil para outras pessoas. Não há outra coisa a ser feita... Intenções, necessidade de que tudo saia certo, acho que vou me desligando disso em direção a um encontro cada vez maior. Recebi um conselho de apresentar o máximo que eu puder nos próximos tempo e irei seguí-lo.


Fotos: Crystine Silva e Yuri Kotke

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Ramilla! Gosto da sensibilidade da sua ação para com seu corpo, com a problemática do indivíduo contemporâneo, da solidão, que é uma questão importante para nossos dias. Seu senso estético tem afinação com o belo. Penso que vc poderia pesar mais a mão na autoria, escapar de subterfúgios decorativos (como a trilha, por exemplo). Seu trabalho de fotografia, que vi de relance, é interessante, apesar de muito jovem ainda. O trabalho plástico com a imagem exige a materialização, a finalização, a superação do suporte. Quando isso estiver no mundo, vc vai ver o salto da poética na frente dos seus olhos.

Me intriga sua relação com o contexto de Natal, como disse a vc, destoa um tanto do contexto em que esta inserida. Não penso que vc deveria partir sem antes encontrar o porque de vc estar nesse lugar, essa é uma pergunta que seguiu comigo depois de ver sua performance.

Parabéns por suas iniciativas de mapeamento, buscas de conectar-se às redes. Acho que isso define contemporaneidade em um toque.

O material de Natal vai ser postado na plataforma no mês de agosto, e o filme estréia em setembro. Fica ligada que vem coisa por aí!

Mantemos contato! Um abraço!

Angelo Luz

Ramilla Souza disse...

Fiquei pensando muito no que você disse sobre a trilha. É interessante, eu entendo isso racionalmente, compreendo o que você diz mas, por outro lado, pensei que a ação vai se modificar (de certa forma) sozinha, com o tempo, com as apresentações. Uma hora, eu vou perceber que cresci nessa ação, eu acho. Não tive oportunidade de agradecer pela fala.

Acho que sempre estive fugindo de Natal... Talvez, por isso não me identifique com o contexto. Ou, talvez, eu não me identifique com espaço algum, além de mim mesma...